quarta-feira, 26 de março de 2014

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"OLAVO BILAC"


 (1865 - 1918)


          O nome de Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918) foi, durante muito tempo, sinônimo de “poeta”. Adorado em vida, venerado no período subseqüente à sua morte, o “príncipe dos poetas brasileiros” apenas a partir de meados de novecentos foi sendo deixado de parte.
          De modo geral, pode-se compreender a história da literatura brasileira dos anos de 1880, nos quais a propaganda republicana ganhou corpo, até a época do Modernismo, como o período de construção de um público médio e da feliz identificação entre as expectativas desse público e a realização estética que lhe era oferecida pelos escritores mais notáveis. Bilac e seus companheiros parnasianos não apenas criaram, no final do século XIX, um gosto homogêneo e difundido, que persistiria por décadas, mas solidificaram a idéia de que construir uma literatura pautada pelo respeito à norma e pela integração do intelectual na vida política e econômica da nação era um dos principais requisitos para construir e manter a própria nacionalidade republicana.
          No que diz respeito à poesia, Bilac permanece, a cem anos de sua morte, o poeta mais lido e talvez mesmo o único a ter edições e a receber atenção crítica continuadas dentre os da sua época e escola. É que, embora cultor da métrica impecável e da forma elaborada em poesia, Bilac nunca é obscuro e raras vezes precioso. Pelo contrário, se há um defeito recorrente em sua poesia é o intuito didático, a vontade de comunicação e de clareza que impele tantos dos seus versos para a explicitação excessiva. Desse didatismo e dessa vontade de comunicação advém um traço estilístico que é todo seu e o distingue entre os contemporâneos parnasianos: a apostrofação excessiva.
          A apostrofação, o gosto pela descrição e pela narração objetiva de episódios históricos e o apuro lingüístico fazem que muito da sua obra tenha aspecto de atividade didática, centrada na comunicabilidade, na clareza expressiva e no caráter exemplar da correção sintática. Mas a sua competência técnica, o seu lirismo muitas vezes notável e a sua veia erótica (tão acentuada que, ainda em 1921, Mário de Andrade julgava importante defendê-lo da acusação de obscenidade) fazem dele, como afirmava o mesmo Mário, “o maior dentre os parnasianos” brasileiros.           Na verdade, o tipo, a partir do qual se podem definir as variações.
        Além de poeta, Bilac foi também autor de livros para uso escolar: a partir de 1904 fazem sucesso as suas        Poesias infantis; e em 1913, junto com Manuel Bomfin, publica uma narrativa para uso nas escolas primárias, intitulada Através do Brasil. A par dessas obras, ao longo do tempo, em colaboração com outros autores, Bilac assina também um volume de Contos Pátrios, um Livro de Leitura, um Livro de Composição, e ainda A Pátria Brasileira e o Teatro Infantil

Paulo Franchetti é professor titular do Departamento de Teoria Literária da Unicamp.



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